O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu neste domingo (16) apoiadores, governadores e parlamentares em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em uma manifestação em defesa da anistia aos responsáveis pelos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023. No discurso, questionou o inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022, abriu brecha para sucessão, minimizou ataque aos três Poderes e afirmou que não deixará o país mesmo se for condenado.

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Bolsonaro iniciou sua fala fazendo menção às manifestantes presas nos atos antidemocráticos, numa tentativa de apelar ao eleitorado feminino, em que historicamente o ex-presidente encontra mais resistência. “Quem foi a liderança dessas pessoas? Não tiveram. Foram atraídas para uma armadilha”, disse. “O que eles querem? É uma condenação. Se é 17 anos para as pessoas humildes, é para justificar 28 anos para mim. Não vou sair do Brasil”, completou o ex-presidente.

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Sem fazer nenhuma menção nominal, Bolsonaro usou também o discurso para mirar na eleição do ano que vem e abriu caminho para indicar um substituto nas urnas, já que está inelegível até 2030: “O meu ciclo vai se esgotar um dia, mas estamos deixando muitas pessoas capazes de me substituir no futuro.”

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O ato teve a presença dos governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); do Mato Grosso, Mauro Mendes (União); e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – esse último cotado como possível escolhido do bolsonarismo para disputar o Planalto em 2026.

Ainda focando no próximo pleito, Bolsonaro afirmou que pretende conquistar ao menos metade das vagas ao Congresso. “Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do nosso país”, disse.

A manifestação ocorre dias depois de o presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin, marcar para os dias 25 e 26 de março o julgamento da denúncia contra Bolsonaro e alguns de seus principais aliados por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. O colegiado é formado também por Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

Os magistrados decidirão se a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) será aceita, transformando os denunciados em réus. Se isso ocorrer, será aberta a ação penal e terá início a fase de instrução do processo, com os depoimentos das testemunhas e o interrogatório dos réus. Só depois será marcada a data do julgamento, o qual decidirá sobre a eventual condenação.

Ataques a Alexandre de Moraes

O tom belicoso da manifestação ficou a cargo do pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato. Numa fala de cerca de 15 minutos, o pastor chamou Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista, de “ditador” e “criminoso”. O pastor também criticou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e a rapidez do Judiciário em analisar o processo, além da composição da Primeira Turma do Supremo. Zanin e Dino foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Seguindo a mesma linha, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, afirmou que vai derrotar o “alexandrismo”, uma menção direta a Moraes. O parlamentar também defendeu o projeto de anistia como um caminho para que o pai possa reverter sua inelegibilidade. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que irá pedir urgência da proposta para que ela seja pautada na Casa legislativa nesta semana. Procurados, a assessoria do STF não respondeu até o fechamento desta edição e Moraes não se manifestou.

Bolsonaro afirmou que, para aprovar a anistia, conta com o apoio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, com quem disse ter tido um “velho problema”. Procurado, o dirigente partidário não se manifestou até o fechamento desta edição.

Aliado de Kassab e visto como ponte entre o dirigente e Bolsonaro, Tarcísio também defendeu a anistia como forma de “pacificar o país”. “O Brasil está perdendo a oportunidade. Existem pautas importantes que precisam ser discutidas. É necessário pacificar, passar a borracha e corrigir as injustiças. E a gente está aqui para isso”, afirmou o governador a jornalistas, antes de começar a discursar no ato. Tarcísio também criticou o governo federal por causa da inflação que atinge o preço dos alimentos.

A manifestação ocupou cerca de quatro quarteirões da orla de Copacabana. A Polícia Militar do Rio disse, nas redes sociais, que o ato contou com a presença de 400 mil pessoas. Já o grupo de pesquisa “Monitor do debate político”, da Universidade de São Paulo (USP), estimou um público de 18,3 mil, com margem de erro de 2,2 mil para mais ou para menos. A contagem foi feita no momento de pico do protesto, às 12h, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.

No total, a PGR denunciou 34 pessoas pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, entre outros. Segundo as investigações, o plano golpista começou em 2021, quando tiveram início os ataques sistemáticos ao sistema de votação por meio de declarações públicas e na internet – não há registro de fraudes nas eleições brasileiras desde a adoção das urnas eletrônicas.

A peça acusatória também inclui a reunião de Bolsonaro com embaixadores e representantes diplomáticos estrangeiros para divulgar essas falsas informações sobre fraudes nas urnas eletrônicas. A denúncia detalha ainda a mobilização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno do pleito de 2022 para mapear e impedir eleitores de votar em áreas onde Lula era popular. A ação também cita funcionários da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal que teriam facilitado os ataques do 8 de janeiro de 2023.

Por fim, a denúncia da PGR também inclui um suposto plano para matar Lula, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e Alexandre de Moraes.

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