Especialistas consultados pelo g1 apontam que a troca de tarifas de importação pode prejudicar diretamente setores específicos no Brasil, como o etanol e alguns produtos agrícolas. (entenda mais abaixo)

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Por outro lado, o aumento das tensões entre EUA e seus principais parceiros pode criar novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro, permitindo que o Brasil venda mais produtos a grandes aliados.

Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior e sócio-fundador da BMJ Consultores Associados, afirma que parte das medidas anunciadas pelos chineses em resposta às tarifas de Trump podem beneficiar o Brasil.

“As retaliações à soja e ao frango podem acabar beneficiando as exportações brasileiras”, afirma.

Além de ter a China como seu maior parceiro comercial, o Brasil está entre os maiores exportadores globais dos dois produtos.

Como mostrou o g1 em fevereiro, há também uma oportunidade para que o Brasil estreite sua relação comercial com a China, tornando-se não apenas um importante exportador, mas também um grande destino para produtos chineses.

EUA aplicam tarifas de importação sobre China, Canadá e México

EUA aplicam tarifas de importação sobre China, Canadá e México

Algumas das medidas que podem impactar o Brasil incluem:

  • A imposição de tarifas para produtos agrícolas importados pelos Estados Unidos.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), os EUA foram o terceiro maior importador do agronegócio brasileiro em 2024, com uma participação de 7,4%.

  • A imposição de tarifas recíprocas aos países que cobram taxas dos EUA

“Queremos um sistema nivelado”, disse Trump a jornalistas na época de criação das taxas. Entre os exemplos para a política de tarifas recíprocas, o governo dos EUA citou o etanol brasileiro:

“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”

  • A imposição de tarifas de importações sobre o aço e o alumínio

“Assim como foi com o aço e alumínio, podem vir uma série de outras tarifas, porque a gama de produtos negociados é muito grande. E apesar de ecoar no Brasil também, nós não somos o alvo preferencial dessas taxas”, afirma Arthur Pimentel, presidente do conselho de administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

O executivo destaca, ainda, que o governo brasileiro precisa se preparar para uma “interlocução de alto nível”, encontrando maneiras de discutir as questões diplomáticas com os americanos “em tom de igualdade”.

“Há um interesse muito grande do Brasil em continuar vendendo para os EUA, porque vender significa gerar emprego. Então, é uma situação crítica, mas eu vejo com otimismo as possibilidades”, completa Pimentel.

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