É inevitável. Entre os 40 e os 65 anos, os seres humanos formam uma barriguinha. Ninguém gosta e alguns conseguem evitar com regime rígido e exercícios. Mas é difícil. Se relaxarmos acabamos com a famosa barriga de chopp.
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Os ratos têm o mesmo problema aos 12 meses de vida. A novidade é que os cientistas descobriram que esse é um fenômeno que faz parte de nosso ciclo de vida.
Até os 40 anos a gordura se acumula entre a pele e os músculos. É a gordura subcutânea. Mas após essa idade a gordura tende a se acumula no interior do abdômen, em volta dos nossos órgãos por debaixo dos músculos. É a gordura viceral.
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O que chamamos de gordura, os cientistas chamam de tecido adiposo, composto por milhões de células chamadas adipócitos. Foto: DIV
Uma lipoaspiração retira a gordura subcutânea, mas a visceral está fora do alcance dos cirurgiões plásticos. Uma pena.
O que chamamos de gordura, os cientistas chamam de tecido adiposo, composto por milhões de células chamadas adipócitos. Cada adipócito possui no seu interior uma gota de lipídeo. Quando engordamos duas coisas acontecem. A primeira é que cada adipócito expande sua gota de gordura, aumentando de tamanho.
O resultado é o aparecimento dos pneuzinhos e roupas que não entram. Mas também ocorre um outro fenômeno, o surgimento de novos adipócitos, ainda vazios, que começam a acumular lipídios no seu interior. Já quando emagrecemos ocorre a diminuição do tamanho de cada célula.
O número total de células reduz muito pouco. Esses adipócitos novos surgem de células precursoras de adipócitos, que não possuem gotas de gordura, mas estão programadas para se transformar em adipócitos quando estimuladas.
O que os cientistas investigaram é como surge o tecido adiposo que se acumula entre as vísceras, aquele que forma a barriguinha. Para saber de onde ele surge, estudaram a origem das células que compõe a gordura visceral. Isso envolve acompanhar as linhagens celulares que dão origem aos adipócitos. Usando marcadores que são colocados dentro de células é possível estudar sua localização e a localização dos descendentes dessas células ao longo do tempo.
O que eles descobriram é que nascemos (nós e os ratos) com muito tecido adiposo subcutâneo (é por isso que as mãos e os pés dos bebês parecem pãezinhos fofos) e quase nenhuma gordura visceral. Essa situação se mantém até a meia idade. Quando crescemos e engordamos o que se acumula é gordura subcutânea. Durante esse tempo, nas nossas vísceras existe muito pouca gordura.
A novidade é que os cientistas descobriram que entre as vísceras existe um número enorme de células precursoras de adipócitos, que ficam lá quietinhas sem se transformarem em adipócitos.
Quando chegamos na meia idade, ou os ratos chegam aos 12 meses de vida, esses precursores começam a se transformar em adipócitos e, avidamente, começam a acumular lipídios no seu interior. A quantidade de tecido gorduroso visceral aumenta rapidamente, e surge a barriguinha.
Já a quantidade de gordura subcutânea diminui gradativamente nesse período. A barriga aumenta e a pele fica mais frouxa e enrugada. Isso ocorre mesmo quando continuamos a ingerir a mesma quantidade de calorias e não aumentamos de peso.
A conclusão é que na meia idade células que tem o potencial de se transformar em adipócitos e que estavam dormentes, são ativadas e a quantidade de tecido adiposo visceral aumenta.
O interessante é que esse fenômeno parece ser programado. Da mesma maneira que trocamos os dentes na infância e surgem pelos púbicos na adolescência, cresce o tecido gorduroso visceral na meia idade. É por isso que é tão difícil controlar o aparecimento dessa nossa barriguinha.
O próximo passo é tentar entender o que faz com que essas células, de repente, decidem se transformar em adipócitos. O consolo é que o aparecimento da barriguinha não é nossa culpa, é um evento programado que faz parte de nosso desenvolvimento.
Mais informações: Distinct adipose progenitor cells emerging with age drive active adipogenesis. Science
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