A bióloga brasileira Yara Barros é uma das ganhadores do prêmio Whitley, apelidado de “Oscar Verde”. A honraria, distribuída anualmente pela Fundação Whitley para a Natureza, inclui pagamento de uma bolsa de 50 mil libras para financiar pesquisas (equivalente a cerca de R$ 380 mil).
Yara coordena o Projeto Onças do Iguaçu, que monitora a população de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu (PNI). A espécie é considerada criticamente ameaçada, já que há menos de 300 indivíduos na Mata Atlântica brasileira. Na década de 1990, a população do felino nessa área diminuiu 72%. Por meio do monitoramento das onças, projeto liderado pela bióloga conseguiu aumentar o número delas no PNI.
De acordo com a Fundação Whitley, Yara e a equipe vão usar o financiamento do prêmio para implantar medidas de proteção em propriedades onde ocorre atividade predatória de onças, fazer um censo da população do felino no Iguaçu e treinar e educar pessoas sobre a importância da preservação do animal.
Na cerimônia de premiação, Yara disse que desde criança queria salvar animais. Depois de se tornar bióloga, ela contou que aprendeu ao trabalhar lado-a-lado com as populações locais para salvar as espécies selvagens.
“A conservação não envolve apenas salvar espécies, mas também a população que divide a terra com elas”, discursou.
Yara foi premiada junto a cientistas da Colômbia, Argentina, Indonésia, Nepal e Malásia. Ela é pesquisadora-associada do Instituto Pró-Carnívoros.
Onças-pintadas são ameaçadas por caça ilegal
De acordo com a Fundação Whitley, a onça-pintada é o maior felino das Américas. Ela desempenha o papel de predador de topo e regula as populações de presas. Isso é essencial para manter o equilíbrio do ecossistema e promover a biodiversidade.
Ao longo da década de 1990, a população do felino diminuiu drasticamente com a fragmentação florestal e a falta de presas naturais causada pela caça ilegal. Hoje, a caça continua a ameaçar as onças.
Segundo a Fundação Whitley, elas são mortas em retaliação a ataques contra gado e de maneira acidental, quando pessoas entram na floresta para caçar as presas das onças. O projeto de Yara e da equipe atua para mudar isso, com aconselhamento sobre segurança e boas práticas de manejo pecuário e instalação de medidas antipredação.
Outro eixo de atuação é na conscientização sobre a importância das onças-pintadas na biodiversidade. “O projeto está trabalhando para transformar o medo em fascínio e admiração, de ver as onças-pintadas como uma ameaça a abraçá-las como um símbolo de orgulho e saúde ecológica”, informou a Fundação Whitley.
Outros brasileiros ganharam o ‘Oscar Verde’
Outros cientistas brasileiros foram contemplados com o prêmio Whitley, um dos mais importantes na área de preservação ambiental. Os nomes incluem:
- Fernanda Abra (2024);
- Pablo Hoffmann (2022);
- Pedro Fruet (2021);
- Gabriela Rezende (2020);
- Patrícia Medici (2020 e 2008);
- Carlos Peres (2008)
- Silvio Marchini (2007);
- Patricia Pinho (2006);
- Laury Cullen (2002);
- Claudio Padua (1999).