O corte de verbas para o financiamento da ciência pela gestão Donald Trump afeta não só pesquisas americanas, mas do mundo todo, inclusive no Brasil, por causa das várias parcerias internacionais. Um dos prejudicados é o pesquisador Ricardo Augusto Dias, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), que integra um projeto internacional que monitora o surgimento de novos patógenos nas Américas com o intuito de prevenir novas pandemias.

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“Do nosso projeto, 95% do financiamento vêm de agências americanas e não há previsão sobre quando o dinheiro será liberado; a situação é gravíssima”, afirma ele.

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Em comunicado, a Embaixada americana no Brasil informou que estão sendo revisados “os programas e parcerias para garantir que sejam eficazes e estejam alinhados com a política externa dos EUA e de acordo com a agenda America First (América em primeiro lugar).”

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Desde janeiro, Trump promoveu demissões em massa, cortes bilionários de verba, cancelamento de projetos e eliminação de programas.

 Foto: Evan Vucci/AP

Segundo Dias, o projeto do seu grupo tem por objetivo “evitar o surgimento de doenças emergentes e, eventualmente, novas pandemias, está congelado e sem perspectivas de ser retomado, sobretudo porque está relacionado às mudanças climáticas, tema abertamente negado pelo governo americano”.

Outra vítima dos cortes de verba é o projeto coordenado pela imunologista Ester Sabino, da USP, sobre Doença de Chagas. O programa é bancado desde 2013 com recursos do Institutos Nacionais de Saúde (NIH) no valor de US$ 1,4 milhão por cinco anos (uma média de US$ 300 mil a US$ 400 mil por ano). Os valores são depositados mensalmente, mediante prestação de contas do mês anterior. Em janeiro, o pagamento foi feito com atraso.

A pesquisadora da USP Ester Sabino: pagamento de janeiro atrasou e o destino do financiamento americano está em aberto.

 Foto: Divulgação/AHK Paraná

“Eu ainda não sei como as coisas vão ficar porque eu não recebi durante duas semanas, mas depois fizeram os pagamentos”, contou Ester Sabino, uma das cientistas responsáveis pelo sequenciamento do Sars-CoV-2 no Brasil durante a pandemia de covid-19. “Estamos aguardando para saber se a nossa pesquisa será renovada ou cancelada. Se bloquearem as verbas, vamos ter que interromper o projeto.”

O pesquisador Marcelo Ferreira, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, está em uma situação semelhante à de Ester. Embora sua verba não tenha sofrido corte ou atraso, não se sabe se o seu financiamento será renovado. Ferreira desenvolve pesquisas sobre a malária e teme que o tema não seja prioritário para os Estados Unidos.

Como o Estadão mostrou, nos dois primeiros meses da nova gestão Trump (iniciada em 20 de janeiro) houve demissões em massa, cortes bilionários de verba, cancelamento de projetos, eliminação de programas, sem falar na nomeação de nomes polêmicos para cargos importantes de várias agências de pesquisa.

Só nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), mais de mil funcionários foram demitidos, centenas de projetos em andamento foram cancelados e a avaliação de novas propostas foi suspensa. Esses órgãos financiam a maior parte das pesquisas biomédicas nos Estados Unidos e apoiam mais de 300 mil pesquisadores. Desde 20 de janeiro, os NIH perderam mais de US$ 3 bilhões em comparação com as bolsas concedidas no mesmo período de 2024, segundo o jornal Washington Post.

Entre 2018 e 2020, os Estados Unidos foram responsáveis por 24,9% dos artigos científicos mais citados no mundo – perdendo a liderança para a China, com 27,2%. No mesmo período, a China também superou os americanos em volume de artigos científicos publicados: foram 407.181 em média por ano, ante 293.434 dos Estados Unidos.

Visto negado

A nova política do governo americano para a pesquisa científica afetou também Rodrigo Nogueira, um dos principais nomes da inteligência artificial no País, cujo trabalho é referência no Brasil após anos de pesquisa em grandes modelos de linguagem focados no português brasileiro.

Com doutorado pela Universidade de Nova York, Nogueira teve seu visto negado, em meados do mês passado, para entrar nos Estados Unidos, onde daria uma palestra na Universidade de Harvard. Nogueira acredita que foi barrado porque sua área de atuação se tornou um campo de disputa global entre as principais potências do mundo.

Muitas dos cortes e ações determinados por Trump estão sendo contestados na Justiça – e ainda podem ser revertidos.

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