Foram 15 anos até o mais novo título da Rosas de Ouro no grupo especial do carnaval de São Paulo, nesta terça-feira, 4. Depois de vencer em 2010 com um desfile sobre o Cacau, a Rosas viveu bons momentos nos anos seguintes até 2015, mas, nos últimos nove anos, vinha amargando resultados ruins a ponto de flertar com a queda nos últimos desfiles: ficou em 12°, em 2023, e em 11°, no ano passado.
Festa da vitória do carnaval de São Paulo na quadra da Rosas de Ouro Foto: Alex Silva / Estadão
Personagens ligados à escola explicaram que o quase rebaixamento se transformou em título por conta de mudanças administrativas, organizacionais e de visão que a Rosas tinha sobre a preparação de um carnaval. A chegada de um novo carnavalesco também foi importante.
Na avaliação de Angelina Basílio, presidente da escola, uma das principais mudanças da escola para a virada de chave foi apresentar um projeto mais sólido para a comunidade, que acabou se aproximando ainda mais da escola. “Quando a comunidade chegou junto, a evolução da escola cresceu”, disse ela ao Estadão, em meio a festa feita na quadra da agremiação. “A gente não ia conseguir fazer nada sozinho”.
SAO PAULO METROPOLE CARNAVAL 2025 APURACAO ESCOLAS DE SAMBA GRUPO ESPECIAL 04-02-2025 Apuracao dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de Sao Paulo.Quatorze escolas que desfilaram no sambodromo do Anhembi na sexta-feira e no sabado concorrem ao trofeu de campea e a cerimonia de apuravvüao NA FOTO QUADRA DA ROSAS DE OURO CAMPEAO CARNAVAL DE SAO PAULO FOTO ALEX SILVA ESTADAO Foto: ALEX SILVA ESTADAO
Ela menciona também a chegada do carnavalesco Fábio Ricardo como um fator novo que contribuiu para um melhor resultado este ano. “Nós trouxemos o Fábio do Rio de Janeiro. Me falaram que ele era muito detalhista. E eu acredito que ele também se superou”, afirmou Angelina, que está 22 anos à frente da presidência da escola.
A Rosas de Ouro desfilou com o enredo Rosas de Ouro em uma Grande Jogada, que contou sobre a história e importancia dos jogos na vida das pessoas.
Ao Estadão, o carnavalesco Fabio Ricardo disse que a escola não contou com patrocínios, apenas “umas contribuições” de pessoas ligadas à Rosas, que chegaram só perto do desfile acontecer.
Rosas de Ouro conquistou seu primeiro título desde 2010 Foto: Alex Silva / Estadão
Com isso, diz, foi importante enxugar alguns gastos. “Três carros alegóricos eu usei a mesma base. Eu reproveitei. Isso já é menos custo”, explica. “Nessa hora que entra a questão administrativa do artista e de saber organizar o carnaval”.
Conforme o carnavalesco, ele soube também captar um tipo de carnaval que a Rosas de Ouro estava precisando. “Eu entendi que a escola estava necessitando do requinte, da elegância”, diz. “E foi o que tentamos fazer, nas alegorias, nas fantasias”.
Na avaliação dele, que chegou no ano passado à Rosas de Ouro, outra mudança fundamental passa também pela energia e postura que a escola passou a ter.
“Eu percebi que a escola estava pronta para ser campeã. Eu falei para o diretor: ‘a escola está preparada para ser campeã. Só depende da Rosas de Ouro se organizar e querer ganhar’. O chão da escola queria ganhar”.
Para isso, ele tentou contribuir promovendo maior organização institucional e administrativa, oferecendo mais escuta aos que os integrantes da escola, aumentar o nível de sofisticação e elegância do desfile e ampliar a consciência sobre os gastos.
“Ninguém faz carnaval sozinho. É como uma corrente, se um elo tiver fraco, arrebenta. E, dessa vez, todos estavam unidos”, afirmou.