Carteira Lula: Como as Ações e a Renda Fixa Performaram nos Dois Primeiros Anos de Governo
Após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, o mercado financeiro voltou seus olhos para setores com maior potencial de crescimento em um governo de perfil social, como construção civil, varejo e educação. Analistas montaram uma carteira simulada, chamada de “Carteira Lula”, para avaliar o desempenho desses papéis ao longo do terceiro mandato do presidente.
Desempenho da Carteira Lula
- Primeiro Ano (2023):
A carteira simulada apresentou uma valorização de 45,19%, superando o Ibovespa, que subiu 22,28%. A alta foi impulsionada principalmente pelo setor imobiliário, com destaque para empresas ligadas ao programa Minha Casa, Minha Vida, e pelo otimismo inicial com as políticas sociais. - Segundo Ano (2024):
O cenário mudou drasticamente, com a carteira registrando uma queda de 22,27%, pior que o recuo de 10% do Ibovespa. Fatores como alta dos juros, inflação e desconfiança fiscal impactaram o desempenho das ações, revertendo parte dos ganhos anteriores.
Setores em Destaque
- Construção Civil:
Impulsionado pelo Minha Casa, Minha Vida, o Índice Imobiliário (Imob) subiu 53,27% em 2023, mas caiu 24,28% em 2024, acumulando alta de 16,05% no período. - Varejo:
Empresas como Magazine Luiza, Casas Bahia e Assaí sofreram com altos níveis de endividamento e juros elevados, acumulando desempenho negativo nos dois anos. - Educação:
Beneficiadas por programas como Fies e ProUni, empresas como Ânima e Cogna tiveram ganhos em 2023, mas devolveram esses lucros em 2024, acompanhando o pessimismo do mercado.
Renda Fixa: Uma Alternativa à Volatilidade
Os títulos de renda fixa seguiram uma trajetória similar às ações. Gestores migraram de fundos atrelados à inflação para aqueles indexados ao CDI, acompanhando a alta da taxa Selic. Títulos mais longos, como os de infraestrutura, sofreram perdas com a elevação dos juros.
Perspectivas para o Futuro
O analista Matheus Amaral destaca que o desempenho da Bolsa em 2025 dependerá do compromisso fiscal do governo e da estabilização do cenário macroeconômico. A migração para renda fixa deve continuar, com investidores priorizando segurança frente à volatilidade do mercado acionário.
Por outro lado, o sócio da Seneca Capital, Luis Miraglia, alerta para uma possível retração no mercado de crédito privado, com empresas emitindo menos títulos devido aos custos elevados.
Conclusão
O desempenho da “Carteira Lula” reflete a sensibilidade do mercado a fatores macroeconômicos e à percepção de risco fiscal. Enquanto o primeiro ano trouxe otimismo e ganhos significativos, o segundo evidenciou desafios econômicos e uma correção nos mercados. Para investidores, o momento pede cautela e uma análise cuidadosa das opções de renda fixa e variável.