Os robôs não são o futuro, são o presente. Na última contagem, 4,3 milhões zumbiam em fábricas em todo o mundo realizando as atividades automatizadas para as quais foram programados (dados International Federation of Robotics). Mais de metade estão instalados na China.

São um insaciável sobe-desce-põe-tira-monta-desmonta, mais produtivos que qualquer homo sapiens. Há muitos anos que os robôs são ferramentas à nossa disposição. Um alicate mais caro. Uma coisa qualquer rodante que varre o chão da sala enquanto eu escrevo esta coluna.

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A imagem mostra um grupo de pessoas em um restaurante. Há uma mesa com quatro pessoas sentadas, duas mulheres e dois homens, enquanto um carrinho de serviço apresenta pratos de comida, incluindo hambúrgueres e batatas fritas. O ambiente é iluminado, com janelas ao fundo e decoração típica de restaurante.
Robô entrega pedidos para clientes em restaurante na Califórnia (EUA) – Maggie Shannon/NYT

Mas em 2025 os robôs vão começar a pensar. A fusão da robótica com a inteligência artificial permitirá que possam entender e responder a situações complexas, processar linguagem natural e até mesmo demonstrar pensamento criativo por meio de recursos aprimorados de IA. A sua capacidade de apreender padrões e generalizá-los para outras tarefas fará com que os robôs possam tomar decisões soberanas.

Os robôs da Physical Intelligence já lavam, passam e arrumam a roupa no armário apesar de não terem sido explicitamente treinados a fazê-lo. Os robôs humanoides da SoftBank Robotics borram a linha divisória entre instrumento e colega de trabalho. O Optimus da Tesla foi desenvolvido para ajudar nas tarefas diárias, como limpar, cozinhar, cuidar de idosos e crianças, passear o cão ou cortar a grama. Custarão de US$ 20 mil a US$ 30 mil (cerca de R$ 123 mil a R$ 186 mil). Elon Musk prevê que em 2040 haja mais robôs do que ser humanos.

A China acha que ele está sendo ambicioso. Mas pouco. Este ano, em eventos como a World Artificial Intelligence Conference (Xangai, julho) e a World Robot Conference (Beijing, agosto), o país de Xi Jinping anunciou que se prepara há mais de uma década para ser líder mundial em robótica humanoide.

Empresas como AgiBot, UBTech, Unitree Robotics e Xiaomi apresentaram recentemente as suas versões de robôs humanoides. O da Xiaomi, batizado em cartório civil como CyberOne, tem 177 cm de altura, pesa 52 kg e reconhece 85 sons e 45 emoções. Ou seja, foi concebido para interagir com seres humanos. A venda em larga-escala está prevista para 2025, a tempo da Consoada no final do ano.

Há mais de uma década que os meus colegas na universidade estudam detalhadamente os impactos da robotização no emprego e na escala salarial. Se no início se aventou que o impacto seria cataclísmico, mais tarde conclui-se que foi uma picada de abelha.

Seres humanos reorganizaram a sua contribuição laboral, adaptando-se a novos processos, abraçando novas funções em engenharia, programação e manutenção ou mudando de emprego. Mas agora os robôs não são fabris, mas humanoides, não são automatizados, mas pensantes. Não será uma picada de inseto, mas um atropelo de uma manada de elefantes —todos nós seremos afetados.

Desvendando IA

A economia planetária continuará a gerar riqueza, mas não dependerá marxistamente de seres humanos para fazê-lo por intermédio do seu trabalho braçal ou cerebral. Seria fundamental que os governos implementassem políticas públicas que mitiguem os impactos negativos da automação, como programas de requalificação profissional e renda básica universal. Mas, como sabemos, a velocidade dos parlamentos e dos gabinetes não é a mesma dos laboratórios.

A minha esposa já me disse, sem-querer-querendo, que hoje à noite receberei como presente “O Mito do Normal” de Gabor Maté. É sobre superação de traumas. Recomendo-o a todos os leitores, com votos de um feliz 2025.

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